quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Solomon Kane – O Caçador de Demônios

Impacto é um ótimo meio de dar tempero a um filme. Por “ótimo” quero dizer “eficiente”. Se a tática se resume a chocar o espectador apenas para fazê-lo esquecer que todo o resto é desprezível, uma pena.

Esse tipo de trapaça não passa despercebido, e ainda salienta os defeitos que rodeiam os momentos isolados de inspiração. Eis Solomon Kane – O Caçador de Demônios


O personagem título (James Purefoy) é um guerreiro cristão que, devido à ganância e à crueldade, é amaldiçoado pelos seres do inferno. Na tentativa de abdicar da violência, ele sai em uma peregrinação, conhecendo William Crowthorn (Pete Postlethwhite), sua esposa Katherine (Alice Krige) e seus filhos, que oferecem companhia e hospitalidade. Um dia, eles são atacados por lacaios do misterioso Malachi (Jason Flemyng), que raptam a jovem Meredith Crowthorn (Evan Rachel-Wood). Kane parte para resgatá-la para salvar a própria alma.

Boa parte da primeira meia hora é promissora, apontando para uma aventura exagerada e autoconsciente com cenas de ação de qualidade. Este último quesito, particularmente, vai sofrendo uma queda sofrível ao longo da projeção, indo de confrontos agitados bem coreografados para um clímax totalmente subaproveitado. Pelo menos o diretor Michael J. Bassett sabe filmar tudo de forma límpida.

O esforço mais heroico, seja isso irônico ou previsível, é de Purefoy. Ele tem que partir de “Isso é tudo que eu sou para Você?” para “Esse é um preço que eu pagarei com prazer”, e não só faz as duas frases funcionarem, como causa a breve impressão de que tudo faz sentido no tom do filme. Claro que é só uma ilusão: o personagem também sofre com as irregularidades de J. Basset. No entanto, fica marcada a excelência do ator.

Também é tentador dizer que a missão do protagonista e a recompensa que lhe é “prometida” são terrivelmente frouxas, mas são, na verdade, algumas das poucas coisas firmes que Solomon Kane – O Caçador de Demônios oferece. É um objetivo simples e direto, intocado por indecisões exatamente por ser tão reducionista. O filme precisaria de menos para ser bom.

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