segunda-feira, 2 de agosto de 2010

CHARLIE M. SCHULZ 10 anos sem o criador do Snoopy

Há 60 anos, Charlie Brown, Lucy, Schroeder, Linus, Paty Pimentinha, Snoopy e Woodstock são personagens que habitam o universo da cultura pop no mundo inteiro.

Porém, há dez anos essa turma não vive novas aventuras. Desde que o cartunista americano Charles Monroe Schulz faleceu aos 77 anos, em 12 de fevereiro de 2000, milhões de fãs da tira cômica Peanuts, assim como as próprias personagens, ficaram órfãos. Mas quem disse que esse tempo serviu para sua obra cair no esquecimento popular?


Peanuts (ou Minduim, como também é conhecido no Brasil) não foi a primeira criação de Charlie Schulz, nascido em Mineápolis, em 1922. Nos anos 40, ele chegou a lutar na Segunda Guerra Mundial, antes de trabalhar como professor de arte. Em 1945, começou a fazer tiras cômicas. Após criar diversas personagens, desenhou o cachorro que mudaria sua vida para sempre. Era o beagle Snoopy, mascote do garoto Charlie Brown.



Essa dupla, juntamente com uma dezena de personagens, transformou o autor em um dos artistas mais populares e bem sucedidos do mundo. Números não faltam para provar esta tese. Basta lembrar que, no auge, a tira Peanuts circulava diariamente em jornais de 75 países, em 21 línguas, sendo lida por 300 milhões de pessoas. Um passatempo que durou quase 50 anos. Schulz recebia salários equivalentes ao do cantor Michael Jackson e da apresentadora de TV Oprah Winfrey.


Nessa metade de século, foram quase de 18 mil tiras diárias. Peanuts virou desenho animado, quatro longas-metragens no cinema e musical na Broadway (com sessões esgotadas durante quatro anos), entre outros.

Porém, a despeito de outros autores, apenas Schulz roteirizava e desenhava os quadrinhos, sem auxílio de ninguém. “Era o prazer do artista. Apesar de ter se tornado milionário, ele levou ao pé da letra a questão do trabalho autoral, ao contrário de Walt Disney, Ziraldo ou Maurício de Souza, que têm seus trabalhos também criados e desenhados por outros”, opina o chargista da Folha de Pernambuco, Clériston.


Estudiosos sobre história em quadrinhos (HQ) apontam Schulz como um dos maiores representantes de seu gênero, conhecido como quadrinhos pensantes. “A idéia desse estilo é usar o quadrinho para fazer uma reflexão filosófica, e não apenas para entreter.

Ele misturava diversão e reflexão, utilizando personagens infantis com temáticas adultas. Assim, mesmo sendo norte-americano, ele não seguia a linha de super-heróis, e se aproximou mais de um estilo europeu e do universo adulto”, acredita o sociólogo e professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Nadilson Silva, que possui trabalhos publicados na área de quadrinhos.


Nem mesmo a morte do artista abalou o faturamento com os personagens. Desde 2001, levantamentos anuais da revista Forbes apontam Schulz como o segundo morto célebre que mais ganhou dinheiro, com uma média de 30 milhões de dólares por ano. Apenas o rei do rock Elvis Presley faturou mais do que o cartunista, ano a ano. Em 2009, porém, o criador do Snoopy perdeu quatro posições, sendo ultrapassado por nomes como Michael Jackson (que morreu em junho) e o escritor africano J.R.R. Tolkien (falecido em 1973, mas beneficiado pelo relançamento de sua principal obra, O Senhor dos Anéis).



Números consideráveis, principalmente em uma área como a dos quadrinhos. A importância do legado de Schulz é tamanha que pode ser percebida pelo depoimento do cartunista mexicano Sérgio Aragonês: “Em 200 anos, quando se falar em artistas americanos, ele vai ser um dos poucos lembrados. E quando se falar de quadrinhos, será o único”. Alguém questiona?



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