quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Éramos felizes e não sabíamos

Texto extraído do blog exame da ordem....

A frase-título desta postagem foi colhida entre os comentários feitos aqui no Blog.
Apesar do antigo Exame sempre ter suscitado polêmicas, reclamações, ódios viscerais e juras de danação eterna, ainda assim ele guardava feições mais amistosas do que o novo Exame de Ordem.

O 1º Exame sob o império do Provimento 136/09.
Ninguém ficou feliz com o novo Edital, principalmente em função da impossibilidade de se usar a doutrina a segunda fase. Aqui a porca irá torcer o rabo.

A polêmica em torno do atual Exame nunca mais vai ocorrer...não será preciso uma redação mirabolante para derrubar os candidatos. Se o padrão de redação das peças práticas for mantido, vamos ter índices recordes de reprovação.

Quando foi publicado o provimento 136/09 eu já alertava quanto a necessidade de se preparar desde cedo para a prova prática. O antigo padrão, recém-defunto, permitia que o candidato se preparasse para a segunda-fase apenas após a aprovação na primeira.
Não façam isso!

Preparem-se desde agora para a 2ª fase. O bacharel, de hoje em diante, está no mato sem cachorro (antes tinha vários). Agora será só um gato (o vademecum) e mais nada.

Falando em vademecum, creio que será possível consultar as súmulas da Jurisprudência dominante dos tribunais, principalmente porque o Cespe ADORA usá-las em suas provas subjetivas.

Esse cacoete não será abandonado, apesar do edital falar exclusivamente em legislação e vedação aos repertórios jurisprudenciais:
6.14.1

Durante a realização da prova prático-profissional, será permitida somente a consulta à legislação sem qualquer anotação ou comentário, na área de opção do examinando, sendo expressamente vedada a posse ou utilização de quaisquer outras obras, especialmente doutrinárias, repertórios jurisprudenciais e dicionários.

Do contrário, a OAB estaria abraçando um retrocesso dogmático absolutamente injustificado.
Afora essas considerações, agora estaremos diante de um desafio ainda maior na hora de se inscrever no Exame - Que área de concentração o candidato deve escolher?

Antes todos eram uníssonos: Não sabe o que fazer? Escolhe trabalho!! Isso era antes...
A última prova foi uma pancada na cabeça dos bacharéis trabalhistas, de longe o maior grupo ente os candidatos. Agora, sem a doutrina, o candidato que não sabe qual área escolher terá imensa dificuldade em obter aprovação.

Aconselho a leitura do ultimo post meu que tratou do tema:
Qual área escolher para a 2ª fase?

O diferencial agora é que sem a doutrina, até então inestimável apoio ao candidato, o candidato com dúvidas já vai participar semi-reprovado.

Essa é uma afirmação cruel e até mesmo chocante, mas é inevitável falar nisso.
Um dos componentes mais importantes para o candidato é a segurança emocional, a capacidade de ler um problema, interpretá-lo e apresentar a solução correta. Sem a doutrina, a chave-mestra para o sucesso do candidato terá um nome só: Auto-confiança.

Se o candidato, após 5 anos de faculdade, não sabe qual é a sua área de preferência, terá uma imensa dificuldade na hora da prova subjetiva. É impossível ver diferente.

Aliás, acho muito pertinente fazer uma ponderação.

Por que suprimiram a doutrina da 2ª fase?
Não sejamos inocentes ao ponto de acreditar que as editoras jurídicas não fizeram lobby para vetar essa mudança. É óbvio que fizeram. Que advogado não gastou pelo menos uns R$ 400,00 em livros quando passou no Exame?

O Exame ocorre três vezes ao ano e mais ou menos dez mil candidatos passam pela primeira fase, isso daria uns 12 milhões de reais por ano despejados no mercado editorial jurídico.
Claro! É só uma estimativa e não um número plenamente confiável, mas faz todo sentido.

Vencer esse lobby e mudar paradigmas tem uma só razão: Reduzir o percentual de candidatos aprovados no Exame.

Essa redução não é novidade e eu escrevo sobre isso desde que criei o Blog, entretanto, essa percepção beira o campo da obviedade. A última prova subjetiva em todas as áreas foi uma amostra dessa tendência.

As más línguas falavam em percentuais de reprovação em torno de 70% dos candidatos dentre os candidatos aprovados na 1ª fase - Um recorde!

Por que essa mudança? Simples: A proliferação desenfreada de faculdades de Direito.

O Exame hoje faz o controle que o MEC nunca fez. O resultado? Uma prova cada vez mais difícil.
Moral da história: Preparem-se com antecedência, muita antecedência mesmo.

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